quinta-feira, 28 de abril de 2011

Rebeca

Mãe, a senhora está dormindo?
A conversa mais séria de minha vida começou assim. Ontem resolvi contar tudo pra minha mãe, e decidi que não iria mais fugir da realidade. – Mãe queria contar algo pra você, mas isso é muito sério, pode ser agora?
Minha mãe, com uma cara de preocupada, se levanta da cama e fala: filha já imagino até o que seja, mas vamos, me conte logo isso antes que eu morra.
Fechei os olhos, imaginei um lugar bem calmo e tranquilo (e nessa hora só veio em minha mente o banheiro) e disse: Eu gosto de mulheres.
Minha mãe ficou calada por alguns segundos. Achei que a reação dela seria somente aquela. Achei errado, minha mãe marcou uma tapa no meu rosto e me chamando de caminhoneira, lésbica, sapatão e todos os adjetivos possíveis para me ofender.
Corri para o meu banheiro, tentei ir ao lugar tranquilo que sempre foi embaixo do chuveiro, mas nada adiantava. Mesmo isolada conseguia ouvir os gritos da minha mãe contando tudo ao meu pai. Naquela hora eu queria morrer. Mas vi que não era por ali que meu caminho iria terminar. Vesti minha roupa e arrebentei em direção ao quarto. Iria falar tudo que tinha engasgado, desde criança. Chegando ao local recebo uma puxada de cabelo do meu pai, que brutalmente me lança murros em toda parte do corpo. Não encontrei solução prática naquele momento, consegui correr até a cozinha e meu pensamento era somente de me livrar de tudo aquilo. Sem pensar duas vezes encravei a faca na minha barriga e ainda consegui ver o medo nos olhos de meu pai e minha mãe. Depois da cirurgia, fingindo que estava dormindo notei que tudo em minha casa poderia mudar, mas meus pais não me abandonariam. Agora eu estou no comando!

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